Presença feminina na EPT: questões de gênero na educação superior do IFSul

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29378/plurais.2447-9373.2022.v7.n.14079

Palavras-chave:

educação profissional e tecnológica, educação superior, gênero, permanência, êxito

Resumo

A partir de uma perspectiva das relações sociais com enfoque de gênero, o presente artigo visa compreender como a cultura patriarcal impacta no ingresso, permanência e sucesso de estudantes do sexo feminino nos cursos superiores do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul). Para tanto, analisou-se os microdados do Censo da Educação Superior de 2020, disponibilizados pelo Ministério de Educação (MEC), buscando relacioná-los com referências e processos históricos, no sentindo de justificar a ausência das mulheres em determinadas áreas, explicitando a forma desigual com que sempre foram tratadas. Apoiando-se em Saffioti, Lerner e Antunes como base teórica para apresentar as acepções do conceito de gênero, patriarcado e definições sobre a divisão social e sexual do trabalho, foi possível identificar elementos que permitem entender o contexto histórico e analisar de forma crítica o tema em questão. A abordagem metodológica utilizada foi mista, de natureza exploratória e usou, como fonte, materiais bibliográficos. Foi realizado um estudo de caso com dados quanti-qualitativos, tendo como referencial de análise o materialismo histórico-dialético. Como resultado, o estudo demonstrou que a segmentação na escolha de carreiras ou especialidades técnicas se reflete, de certa forma, desigual para homens e mulheres nas matrículas. Isso parece indicar que nosso sistema educativo não forneceu uma resposta eficaz a um amplo setor de mulheres, para as quais a Educação deixou de ser um instrumento de mobilidade social, no sentido de garantir acesso ao trabalho e uma remuneração justa e proporcional ao nível de formação alcançado por essa população. Tanto o medo da perda da feminilidade quanto a valorização de habilidades diferenciadas entre os sexos se traduzem em uma série de prescrições e proibições sociais que indicam, de forma relativamente inequívoca, quais atividades, atitudes e habilidades são apropriadas para mulheres e quais não.

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Biografia do Autor

Guilherme Rostas, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense

Possui graduação em Pedagogia - Administração Escolar pelo Centro Universitário do Maranhão S C Ltda (1999), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Maranhão (2009) e doutorado em Política Social pela Universidade Católica de Pelotas (2018). Atua como avaliador do SINAES - Sistema Nacional Ed. S. do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. No IFSul, dentre outras atuações, foi coordenador do curso de licenciatura em computação e pró-reitor de Ensino. Atualmente é professor de Educação Básica, Téc. e Tecnol. do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Políticas Educacionais, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, tecnologia educacional, mídias, precarização social do trabalho docente, inclusão sociodigital, avaliação e educação a distância. É vice-líder do Grupo de Pesquisa Discurso Pedagógico - credenciado pelo IFSul desde abril de 2019.

Angelita Freitas, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense - IFSul

Doutoranda em Educação e Tecnologia, pelo Programa de Pós-Graduação em Educação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul). Mestre em Educação e Tecnologia, pelo IFSul, Especialista em Linguagens Verbo-visuais pelo IFSul. Graduada em Letras. Graduada em Letras, com Licenciatura em Línguas Portuguesa e Espanhola e suas respectivas Literaturas, pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Membro do Grupo de Pesquisa Discurso Pedagógico desde 2016. Atualmente atua como professora de Língua Espanhola na Prefeitura Municipal de Pelotas (Secretaria Municipal de Educação e Desporto - SMED), no Curso Fleming Pré-vestibular para Medicina e como Tutora a Distância no Curso de Especialização em Educação: Espaços e Possibilidades em Educação Continuada - CPEaD - Modalidade a distância - UAB (IFSul). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Espanhola voltada à preparação para ENEM e Vestibulares. Suas pesquisas têm ênfase nas desigualdades de gênero e raça, nas minorias sociais, na Educação Popular e nas políticas públicas, no âmbito da Educação, Cultura e Trabalho, articulando seus estudos a partir dos pressupostos do materialismo histórico-dialético.

Silvana Maschio , Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense - IFSul

Doutoranda em Educação e Tecnologia pelo Programa de Pós-Graduação em Educação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul). Mestra em Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal Sul-rio-grandense IFSul (2019). Graduada em Tecnologia em Sistemas para Internet pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (2015). Atualmente é responsável pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense Câmpus Passo Fundo.

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Publicado

2022-05-19

Como Citar

ROSTAS, G.; FREITAS, A.; MASCHIO , S. Presença feminina na EPT: questões de gênero na educação superior do IFSul. Plurais - Revista Multidisciplinar, Salvador, v. 7, p. 1–18, 2022. DOI: 10.29378/plurais.2447-9373.2022.v7.n.14079. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/plurais/article/view/14079. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Temático: Mulheres na Educação Profissional e Tecnológica