Internacionalização dos Currículos na Educação Básica

repercussões nas reformas em curso no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2024.v33.n73.p187-203

Palavras-chave:

Internacionalização, Currículo, Ensino Médio, Reforma

Resumo

O principal objetivo no trabalho, é discutir repercussões dos discursos formulados por organizações, redes e agências internacionais que se colocam em defesa da internacionalização da educação e dos currículos, na produção de políticas curriculares no Brasil em geral, e particularmente nas reformas curriculares que envolvem o Ensino Médio. Com esse propósito, são destacados elementos conceituais e ideários da internacionalização, colocados, em geral, como motivação para reformas. Na sequência, mostra-se como, no transito global-local, operam os sistemas de difusão dos discursos/textos em defesa da internacionalização. Finalmente, como demonstração desse alinhamento, destacam-se marcações contidas nos textos de reformas que envolvem o Ensino Médio no Brasil. Conclusivamente, afirma-se que a internacionalização como um conceito/fetiche segue seduzindo formuladores de políticas e que, já tendo conquistado territórios da Educação Superior, se lança pra ocupar também os da Educação Básica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Juares Thiesen, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduado em Estudos Sociais e em Geografia pela Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC. Mestre em Educação - Ensino Superior pela Fundação Universidade Regional de Blumenau - FURB. Doutor em Ciências Pedagógicas pelo Instituto Central de Ciências Pedagógicas -ICCP - Havana - Cuba/2002 e em Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2009). Pós-Doutor na Universidade do Minho, Braga/Portugal (2018). Professor aposentado do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC. Professor do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE da UFSC. Líder do grupo de pesquisa ITINERA e do Grupo de Estudos em Educação Integral de SC. (GEEI.SC). Participa das seguintes redes de pesquisa: a) da REDHUMANI - Rede Brasileira por instituições educativas socialmente justas, cidades, campos e aldeias que educam. b) do OEMESC - Observatório do Ensino Médio de Santa Catarina; c) Do Observatório Nacional de Educação Integral; d) da REDEPEL - Red de estudiantes y egresados de Postgrado en educación en Latinoamérica. Pesquisa e discute temas do campo do currículo. (ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9299-4441)

Referências

AGUIAR, Andrea Moura de Souza. Estratégias educativas de internacionalização: uma revisão da literatura sociológica. São Paulo, Educação e Pesquisa, v. 35, n. 1, p. 067-079, jan./abr. 2009.

AGUIAR, Andrea Moura de Souza. O recurso às escolas Internacionais como Estratégia educativa de famílias socialmente favorecidas. 2007. Tese (Doutoramento em Educação) - Faculdade de Educação da UFMG, Belo Horizonte, 2007.

AKKARI, A. Internacionalização das políticas educacionais: transformações e desafios. Petrópolis: Vozes, 2011.

ALTBACH, P. G. Why higher education is not a global commodity. The Chronicle of Higher Education. USA, v. 47, may, 2001.

ARCHANJO, Renata. Saberes sem Fronteiras: Políticas para as migrações Pós-modernas. Revista DELTA, 2016.

BALL S. J.; BOWE, R. Reforming education & changing schools: case studies in policy sociology. London: Routledge, 1992.

BALL, S. J. Educação Global S. As novas redes de políticas e o imaginário neoliberal. Tradução de Janete Bridon. Ponta Grossa, Brasil: UEPG, 2014.

BALL, Stephen J. Educational reform: a critical and post-structural approach. Buckingham: Open University Press, 1994.

BALL, Stephen. Diretrizes Políticas Globais e Relações Políticas Locais em Educação. Currículo sem Fronteiras, v.1, n.2, pp.99-116, Jul/Dez 2001

BEECH, J. Quem está passeando pelo jardim Global? Agências educacionais e transferência educacional. In: COWEN, R; KAZAMIAS, A. M. e ULTERHALTER, E. (Org). Educação comparada: panorama internacional e perspectivas. Brasília: UNESCO/ CAPES, p. 413-433, 2012.

BEECHLER, S.; JAVIDAN, M. Leading with a global mindset: The Global Mindset. Advances in International Management, v. 19, p.131–169, 2007.

BEELEN J. e JONES E. Redefining internationalization at home. In: The European Higher Education Area: Between Critical Reflections and Future Policies. Springer Opeen Cham: Springer, 2015.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília. Ministério da Educação. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em 07, set.2023.

BRASIL. Lei 13.415 de 16 de fevereiro de 2017. Presidência da República – Secretaria Geral. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm. Acesso em 07 set.2023.

BRASIL. Medida Provisória 746 de 22 de Setembro de 2026. Presidência da República – Secretaria Geral. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/mpv/mpv746.htm. Acesso em 07 set.2023.

BRITO, R. O. (Org). Internacionalização da educação básica e superior: desafios, perspectivas, experiências. Brasília: Cátedra UNESCO de Juventude, Educação e Sociedade; Universidade Católica de Brasília, 2020.

CLEMENTE, Fabiane Aparecida Santos e MOROSINI, Marília Costa. Competências interculturais: interlocuções conceituais e uma proposta de releitura para a educação superior. Educ. Pesquisa, São Paulo, v. 46, 2020.

CONSELHO DA EUROPA. Quadro de referência das competências para a cultura democrática. v.1, 2018. Disponível em: https://rm.coe.int/rfcdc-por-volume-1/1680a34ab8. Acesso em 07 set.2023.

CORRÊA. Adriana. A construção do currículo nacional no Brasil: das tendências políticas às percepções dos atores sobre o contexto de produção. Universidade do Minho, Portugal, (Tese de Doutoramento em Educação), 2019.

CORTESÃO, L. E STOER, S. R. Cartografando a transnacionalização no campo educativo: o caso português. In: SANTOS, B. S. Globalização, fatalidade ou utopia? Porto: Edições afrontamento, 2001.

DALE, Roger. A globalização e o desenho do terreno curricular. Espaço do Currículo. v.1, n.1, pp.12-33, Março-Setembro/2008.

DALE, Roger. A sociologia da educação e o estado após a globalização. Campinas, Educação e Sociedade, v. 31, n. 113, p. 1099-1120, out./dez. 2010.

DALE, Roger. Globalização e educação: demonstrando a existência de uma “Cultura Educacional Mundial Comum” ou localizando uma Agenda Globalmente Estruturada para a Educação? Educação e Sociedade, Campinas, vol. 25, n. 87, p. 423-460, maio/ago. 2004

DE WIT, H. Internationalization of Higher Education: Nine Misconceptions. International Higher Education, n. 64, Summer, 2011.

DE WIT, H. Reconsidering the Concept of Internationalization. In: International Higher Education. Boston. December, 2013.

FREITAS, L. C. Os reformadores empresariais da educação: da desmoralização do magistério à destruição do sistema público de educação. Educação & Sociedade, v. 33, n. 119, p.325-672, abr./jun. 2012.

FREITAS, Luiz Carlos de. A Reforma Empresarial da Educação, nova direita, velhas ideias. Expressão Popular, 2018.

GARCIA, R.L.; MOREIRA, A. F.B. Currículo na contemporaneidade: incertezas e desafios. São Paulo: Cortez, 2006.

HATSEK, David Jorge Rodrigues; WOICOLESCO, Vanessa Gabrielle e ROSSO, Gabriela Paim. Internacionalização na educação básica: um estado do conhecimento. Revista Eventos Pedagógicos, Sinop, v. 14, n.1, jan./maio, 2023.

HAYDEN M. e THOMPSON J. International Schools: Growth and Influence. Paris: UNESCO, 2008.

KNIGHT, J. Internationalization remodeled: definition, approaches and rationales. Journal of Studies in International Education, v. 8, n. 1, p. 5 - 31, 2004.

KNIGHT, J. Student mobility and internationalization: trends and tribulations. Research in Comparative & International Education, v. 7. n. 1. 2012.

KNIGHT, J. The Internationalization of Higher Education: complexities and realities. In: TERREFA, Damtew; KNIGHT, Jane. Higher education in Africa: the international dimension. Massachussetts, USA: Boston College, 2008.

LEASK, B. Internationalizing the curriculum. New York: Routledge, 2015.

LEASK, B. Using formal and informal curricula to improve interactions between home and international students. Journal of Studies in International Education, v. 13, n. 2, 205-221, 2009.

LIBÂNEO, José Carlos. Políticas educacionais no Brasil: desfiguramento da escola e do conhecimento escolar. Cadernos de Pesquisa, v. 46, n. 159, p. 38-62, jan./mar. 2016.

LIMA, M. C.; MARANHÃO, C. M. S.de A. O sistema de educação superior mundial: entre a internacionalização ativa e passiva. Avaliação, Campinas, v. 14, n.3, p. 583-610, 2009.

LUNA, J. M. F. Internacionalização do currículo: Educação, interculturalidade e cidadania global. Campinas: Pontes Editores, 2016.

MEYER, J.W.; BOLI, J.; THOMAS, G.M.; RAMIREZ, F.O. World society and the nation-State. American Journal of Sociology, 103, 1, p. 144-181, 1997. MEYER, J.W.; KAMENS, D.H.; BENAVOT, A. (Org.). School knowledge for the masses: world models curricular categories in the twentieth century. Londres: Falmer, 1992.

MEYER, J.W.; KAMENS, D.H. Conclusion: accounting for a world curriculum. In: MEYER, J.W.; KAMENS, D.H.; BENAVOT, A. (Org.). School knowledge for the masses: world models curricular categories in the twentieth century. Londres: Falmer, 1992.

MOREIRA, A. F. Currículo e internacionalização. Palestra no 4º Colóquio Luso Brasileiro de Educação, Braga, Paredes de Coura, Portugal. Jan.2018.

MOROSINI, M. C. Estado do conhecimento sobre internacionalização da educação superior: conceitos e práticas. Educar, n. 28, pp. 107-124, 2006.

MOROSINI, M. C. Internacionalização da educação superior: perspectivas atuais. Revista Eventos Pedagógicos, 5(3), 170 -179, 2014.

MOROSINI, M. C. Internacionalização do currículo: produção em organismos multilaterais. Roteiro, v. 43, n. 1, p. 115–132, 2018. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/13090. Acesso em: 7 set. 2023.

MOROSINI, M. C. Internacionalização na produção de conhecimento em IES brasileiras: cooperação internacional tradicional e cooperação internacional horizontal. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.27, n.01, p.93-112, abr. 2011.

NOGUEIRA, M. A. Viagens de estudo ao exterior: As experiências de filhos de empresários. In: A. M. F. Almeida et al. (Orgs). Circulação internacional e formação intelectual das elites brasileiras. Campinas: Unicamp, 2014.

OCDE. Internationalizing the curriculum in higher education. Paris: OCDE, 1996.

PACHECO, J. A. Currículo: entre teorias e métodos. Cadernos de Pesquisa, 39(137), 383-400. 2009. Consultado em 20 jan. 2023. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v39n137/v39n137a04.pdf. Acesso em 07 set.2023.

PECK, Jamie e THEODORE Nik. Fast Policy Experimental Statecraft at the Thresholds of Neoliberalism. Univ of Minnesota Press, 2015.

REPRESAS, N. F. Elementos de la Unión Europea, la OCDE y la UNESCO: análisis de carácter supranacional. Journal of supranational policies of education, n.3, p. 283-306, 2015.

RIZVI, F. Internationalization of curriculum: a critical perspective. In: HAYDEN, M; LEVY, J; THOMPSON, J. (eds.). The Sage handbook of international education. London: Sage, 2007.

SANTA CATARINA. Currículo Base do Território Catarinense – Ensino Médio. Conselho Estadual de Educação. Disponível em: https://www.cee.sc.gov.br/index.php/downloads/documentos-diversos/curriculo-base-do-territorio-catarinense. Acesso em 07 set.2023.

SANTA CATARINA. Resolução, de 4-11-2020, Conselho Estadual de Educação, 2020. Disponível em: https://www.cee.sc.gov.br/index.php/legislacao. Acesso em 07 set.2023.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação. Currículo Base do Território Catarinense. CEE, 2019. Disponível em: http://www.cee.sc.gov.br/index.php/curriculo-base-do-territorio-catarinense. Acesso em 07 set.2023.

SANTOS, Boaventura de Souza. A gramática do tempo: por uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006.

SANTOS, Boaventura de Souza. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (Org.). Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo: Cortez, 2004.

SANTOS, Boaventura de Souza. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, n. 48, jun, p.11-32, 1997.

SANTOS, M. O processo de internacionalização no ensino técnico de nível médio: o estudo de caso do Centro Paula Souza e do Senai-SP (Dissertação de Mestrado em Administração). Salvador: UFBA, 2015.

SENA, A. K. C.; ALBINO, A. C. A.; RODRIGUES, A. C. da S. Redes políticas que influenciaram a elaboração da BNCC para o ensino médio: naturalização da filantropia e mercantilização do ensino público. Revista Espaço do Currículo, v. 14, n. 1, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/57809. Acesso em: 7 set. 2023.

SEVILHA, Gustavo Brechese. A internacionalização do ensino básico, suas motivações. 2014. Dissertação (Ciência Política) Universidade de São Paulo: Departamento de Ciência Política, 2014.

SOUZA, Marcel Garcia de. O Processo de Internacionalização Promovido pela Capes na Formação de Professores da Educação Básica. 2016. Dissertação (Mestrado em educação no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde), URGS: 2016.

STEINER-KHAMSI, G. Knowledge-Based Regulation and the Politics of International Comparison. Nordisk Pedagogik, v.29, p. 61–71, 2009.

TEICHLER, U. The changing debate on internationalization of higher education. Higher Education, n.48, p 5-46, 2004.

TEODORO, A. Organizações internacionais e políticas educativas nacionais: A emergência de novas formas de regulação transnacional, ou uma globalização de baixa intensidade. In: STOER, S. R., CORTESÃO, L. e CORREIA, J. A. (org). Transnacionalização da educação: da crise da educação à “educação da crise”. Porto: Edições afrontamento, 2001.

THIESEN, J. S. “Políticas curriculares, Educação Básica brasileira, internacionalização: aproximações e convergências discursivas”. Educação e Pesquisa, vol. 45, 2019.

THIESEN, J. S. Currículo e internacionalização na educação básica. São Paulo: Pimenta Cultural, 2021.

THIESEN, J. S. Internacionalização dos currículos na educação básica: concepções e contextos. Revista e-Curriculum, v. 15, n. 4, p. 991-1017, 2017. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/766/76654187006.pdf. Acesso em: 26 nov. 2022.

THIESEN, J. S. Quem girou as chaves da internacionalização dos currículos na educação básica? Educação em Revista, v. 34, e194166, p. 1-20, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/RQYkMyR9SQRrRvptQtGsyLF/?lang=pt. Acesso em 03 set. 2023.

UNESCO. Competencias interculturales: Marco conceptual y operativo, 2017. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000251592. Acesso em 07 set.2023.

UNESCO. Educação para a cidadania global: preparando alunos para os desafios do século XXI. Brasília: Unesco, 2015.

UNESCO. Educação para a cidadania global: tópicos e objetivos de aprendizagem. Brasília: Unesco, 2016.

UNESCO. Informe Mundial de la UNESCO. Invertir en la diversidad cultural y el diálogo intercultural. 2009. Disponível em https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000184755_spa

VENCESLAU, Igor. Fast Policy. GeoUSP, dec. 2022. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/109781. Acesso em 07 set.2023.

YEMINI, M. Internationalization and global citizenship: Policy and practice ineducation. Israel: Springer Nature, 2017.

Arquivos adicionais

Publicado

2024-03-26

Como Citar

THIESEN, J. Internacionalização dos Currículos na Educação Básica: repercussões nas reformas em curso no Brasil. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 33, n. 73, p. 187–203, 2024. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2024.v33.n73.p187-203. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/18491. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Temático 73