ORALIDADE E ANCESTRALIDADE EM FINISTERRE, DE NÉLIDA PIÑON

Resumo

Este artigo[1] sobre o conto Finisterre, do livro o Calor das Coisas, 1980, escrito por Nélida Piñon[2], tem como propósito analisar o texto ficcional para mostrar as marcas da oralidade na escrita, a força narrativa e a transmissão dos saberes ancestrais galegos, por isso faço uso dos conceitos “discurso da ancestralidade” e “egoespecularidade discursiva”. O conceito de ancestralidade me interessa enquanto discurso, enunciação sobre as textualidades da tradição. Por “egoespecularidade discursiva” aplicada à literatura entendo a leitura de uma obra literária que conecte reflexivamente o escritor, o texto e o leitor. Além destes referenciais, faço uso também do modelo interpretativo tridimensional do texto – prática social/texto/prática discursiva – proposto por Norman Fairclough em sua Análise do Discurso Crítica, bem como dos dois tipos de narradores tratados por Walter Benjamin, o que narra as viagens e o que conta as histórias do lugar. Ancoro-me também no conceito e importância da voz a partir dos estudos de Paul Zumthor.