Dossiê Narrativas, Oralidades e Contação de Histórias - v. 9/2, n. 24 - 2024 - Prorrogada submissão até 15/04/2024

2023-12-27

Dossiê Narrativas, Oralidades e Contação de Histórias - v. 9/2, n. 24 - 2024

 

Não faz a oralidade nascer a escrita, tanto no decorrer dos séculos como no próprio indivíduo? Os primeiros arquivos ou bibliotecas do mundo foram o cérebro dos homens. Antes de colocar seus pensamentos no papel, o escritor ou o estudioso mantém um diálogo secreto consigo mesmo. Antes de escrever um relato, o homem recorda os fatos tal como lhe foram narrados ou, no caso de experiência própria, tal como ele mesmo os narra.  (HAMPÂTÉ BÂ, 2010)

 

A importância da memória, a partir das perspectivas da transmissão dos saberes do passado, é a de que os narradores e mestres da oralidade definidos como seus principais difusores, refazem e salvaguardam um passado ancestral, permeado de saberes tradicionais em consonância com as concepções dos estudos da memória, da literatura oral e todas as suas possibilidades de diálogo.

Nas culturas orais, o conhecimento se fundamenta no ato de se transmitir ou entregar algo para que o receptor tenha condições de colocar mais um elo em uma corrente dinâmica e mutável. (Lopes e Simas, 2020, p.75).

Passado e presente se fundem nessa dinâmica, ainda assim, é substancial a representação das tradições para a construção de uma compreensão maior, que abarque rigorosamente os conceitos das culturas, essas sendo compreendidas no plural, tal e qual mandam as questões dos tempos contemporâneos, uma vez que as identidades são representadas como múltiplas (Hall, 2006), também as culturas pertencentes delas, são pluralizadas. Mas a importância da tradição, como herança, como legado, como estrato e ponto de partida dessas culturas, não pode ser negada, esquecida e perdida na dança do tempo. Por esses caminhos, os da tradição, é que se explicam a importância das narrativas e principalmente dos contadores de histórias na tarefa de transformar os saberes individuais em experiências de memórias coletivas.

Assim, é na escuta das histórias dos narradores, das histórias de vida, da leitura da palavra, compreendida aqui como palavra no mundo e com o mundo, é que nasce e cresce a importância do contador de histórias e de todos os mestres da tradição que tem a missão de transmitir saberes pela via das oralidades. Esses, que estão certamente a serviço de algo maior, o de salvaguardar e dar movimento às memórias históricas e saberes coletivos, construindo as culturas e rompendo as lacunas, que ainda existem, entre o passado e o presente, entre a escrita e a oralidade, num bonito jogo simbólico de vida, morte e ressurreição. 

O presente dossiê tem como finalidade reunir artigos que explorem a intrincada teia que conecta as pesquisas (auto)biográficas à rica tradição das Narrativas, das Oralidades e da Contação de Histórias. Para isso, receberá trabalhos de pesquisadores de áreas distintas, interessados na investigação das complexas interações entre as histórias de vida, seus dispositivos de coleta de dados e o intercâmbio entre os saberes que essas histórias possam promover com o conhecimento acadêmico, em especial as narrativas coletivas, oriundas principalmente de vozes subalternizadas, considerando diferentes perspectivas e contextos culturais. Do mesmo modo, serão acolhidos trabalhos voltados para pesquisas com foco na preservação da memória cultural e na construção de identidades pessoais e coletivas por meio das Narrativas, centradas no papel das tradições e da cultura na transmissão das Poéticas Orais, bem como na influência das práticas de Contação de Histórias quando voltadas para a preservação da cultura e da tradição.

Referências

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva. 11ª. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

HAMPÂTÉ BÂ, Amadou. A tradição viva. In: HISTÓRIA Geral da África I: metodologia e pré-história da África. 2. ed. rev. Brasília, DF: UNESCO, 2010.

LOPES, Nei e SIMAS, Luiz Antônio. Filosofias Africanas: uma introdução. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2020.

 

Coordenação:

Luciene Souza Santos (UEFS)

Isabel Maria de Barros Dias (UAB/Lisboa)

Cristian Javier Lopez (UPE)

 

Envio do texto: Prorrogado até 15 de abril de 2024 através do Sistema da Revista - utilizar template disponibilizado no Sistema da Revista. Não serão aceitos textos submetidos que não estejam no template.

Informações sobre as normas de publicação e diretrizes de submissão de trabalhos encontram-se na plataforma SEER, no seguinte endereço:  http://www.revistas.uneb.br/index.php/rbpab/

Outras informações através do e-mail: biographassociacao@gmail.com

 

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