Retratos Culturais da/na EJA

narrativas dos cotidianos dos trabalhadores sertanejos

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo apresentar retratos culturais da/na EJA, achados que resultam das imersões dos pesquisadores na realidade sertaneja alagoana, dando ênfase em três práticas: o labor, a feira livre, e a escolarização. Parte da seguinte problematização: a partir do lugar – sertão alagoano, de que forma os sujeitos sertanejos vivenciam cotidianamente suas práticas culturais? As fotografias se constituíram enquanto fontes carregadas de narrativas singulares de épocas temporais distintas. Nesse percurso, caracterizamos o sertão enquanto espaço plural e desencadeador de diversas práticas. O itinerário das pesquisas nos possibilitou desvendar muitas questões, como a altivez dos sujeitos praticantespensantes na fabricação do lugar. As narrativas visuais evidenciam a construção identitária por meio da cultura, que emerge das práticas cotidianas, e coletivas, nas quais predominam valores e costumes em comum. Tal fato mostra o forte sentimento de pertencimento e o estabelecimento de vínculos humanos que transcendem a materialidade, de modo que demonstram ainda os esforços empreendidos para alcançar a escolaridade:  os sujeitos têm que se deslocar, muitas vezes, de longas distâncias até a escola depois de um dia de trabalho braçal. As imagens nos contam, ainda, que, ao contrário do discurso ora construído de sujeito tido como passivo, o sertanejo vem construindo, ao longo do tempo, uma política do agir em meio ao campo social que tenta impor-lhes uma hegemonia que, ocasionalmente, busca naturalizar tal realidade.