As (Re) Apropriações dos Recursos Naturais dos Territórios Semiáridos e as Possibilidades de Pesquisas Pautadas na Convivência

Autores

  • Luzineide Dourado Carvalho Universidade do Estado da Bahia – DCH III

Palavras-chave:

Natureza, Territórios semiáridos, Convivência

Resumo

O artigo apresenta os sentidos de natureza no Semiárido Brasileiro, problematizando que há duas vertentes contemporâneas que se confrotam como projetos para o desenvolvimento dos territórios semiáridos. A ideia-projeto da ‘Convivência se fundamenta na ressignificação e reapropriação social da natureza semiárida, compreendendo-a de forma contextual e relacional e numa perspectiva cultural, atua na territorialidades, uma vez que apreende o Semiárido como território simbólico-cultural, delineado pelos contextos geo-ambientais e pela diversidade de povos que compõem um mosaico complexo e multidimensional. E tem-se a reinvenção da natureza,  que numa fundamentação econômica, atua na construção da semiaridez como vantagem, aproveitando-se das potencialidades de uso da Caatinga, da alta insolação, dos minerais, das energias alternativas (solar, eólica, etc.). O sucesso econômico alcançado se dá apenas nos territórios selecionados pelo capital e através da forte cientifização e tecnificação dos processos de produção e produtividade. Portanto, a análise que se pretende neste artigo, é como poderemos pensar as possibilidades de pesquisas com os recursos naturais do Semiárido Brasileiro, que, de um lado, fomente a produção do conhecimento sobre as potencialidades deste território; e, de outro, que essas pesquisas não abram mão das garantias de uso e acesso dos povos e comunidades rurais tradicionais e não tradicionais aos benefícios do uso dos recursos de seus territórios de vida, de trabalho e de cultura. O caminho pelo ‘bom uso’ da natureza nos aponta uma alternativa possível de seguir, apostando na Convivência como um projeto de desenvolvimento prudente e ecocentrado.

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Biografia do Autor

Luzineide Dourado Carvalho, Universidade do Estado da Bahia – DCH III

Graduada em Geografia, Bacharelado (1990) e Licenciatura (1992) pela UERJ, Mestrado em Geografia pela UFRJ (1997) e Doutorado em Geografia pela UFS (2010). Atua com Geografia Regional e Agrária do Nordeste, Ensino de Geografia, Educação Ambiental e Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido Brasileiro. Desenvolve projetos de pesquisa em Gestão Socioambiental e de Planejamento Territorial para a Convivência com o Semiárido Brasileiro, com foco nas ações de prevenção e combate à Desertificação. Foi representante da Rede de Educação do Semiárido Brasileiro no Grupo de Trabalho Interministerial (GTIN) para Elaboração do PAN-Brasil - Eixo Redução da Pobreza e da Desigualdade Social/Educação. Coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação Contextualizada, no qual abriga dentre outras pesquisas, o Projeto Verde Urbano e Mobilidade Sustentável na cidade de Juazeiro/BA, parceria UNEB/DCH III/NEPEC-SAB e UFBA/LACAM, com apoio da FAPESB. É membro permanente dos Programas de Pós-Graduação: Educação, Cultura e Territórios Semiáridos (UNEB/DCH III) e do Educação e Diversidade (UNEB/DCHIV).

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Publicado

2015-12-21

Como Citar

Carvalho, L. D. (2015). As (Re) Apropriações dos Recursos Naturais dos Territórios Semiáridos e as Possibilidades de Pesquisas Pautadas na Convivência. Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais E Educação, 3(4), 23–34. Recuperado de https://www.revistas.uneb.br/index.php/opara/article/view/OPR3.4.2