O protagonismo dos povos do campo: as jornadas de agroecologia da Bahia como espaço de articulação e resistência – uma análise da quinta edição

Autores

  • Anderson Souza Viana Universidade do Estado da Bahia, Campus I/ Administração Central
  • Luzeni Ferraz de Oliveira Carvalho Universidade do Estado da Bahia, Campus X

Palavras-chave:

Jornadas de Agroecologia da Bahia. Protagonismo. Povos do Campo. Resistência. Articulação.

Resumo

Este texto objetiva analisar, brevemente, as Jornadas de Agroecologia da Bahia, em particular a quinta edição, como espaço caracterizado pelo protagonismo dos povos do campo, através das articulações e ações de resistências, identificando aspectos que contribuem para o avanço e fortalecimento das lutas dos referidos povos. A metodologia utilizada na coleta de dados foi a aplicação de um questionário online a 37 sujeitos, todos vinculados à Universidade do Estado da Bahia (UNEB), sendo estes graduandos, professores, analista e técnico universitário. A análise encontra sustentação teórica em Altieri (2012), Gliessman (2001), Guzmán (2002), Machado e Machado Filho (2014), dentre outros.  Os resultados apresentam que os sujeitos da pesquisa apontam relevantes aspectos da V Jornada de Agroecologia, tais como: Prática de valorização da ancestralidade; diversidade; feira de Produtos Agroecológicos como fortalecimento da relação teoria e prática; espaço de troca de experiências e de aprendizados; espaço de articulações entre povos tradicionais, pesquisadores e estudantes; dimensão política do evento, engajamento crítico e defesa de uma sociedade sustentável, anticapitalista; protagonismo dos povos originais e movimentos sociais no debate; espaço que propicia conhecer as lutas e os problemas de cada povo e, fortalecimento da diversidade cultural brasileira. Ainda, os sujeitos pesquisados reconhecem as Jornadas de Agroecologia como espaço formativo, de fortalecimento das lutas dos povos; como espaço de autonomia e protagonismo dos povos originários e movimentos sociais; como espaço de resistências, de ideias contrárias as que são hegemônicas no contexto atual; e como espaço de protagonismo dos distintos povos do campo (indígenas, camponeses, ribeirinhos, do terreiro). Os aspectos ressaltados nos depoimentos dos participantes, principalmente os que trazem os elementos inerentes às articulações, às resistências e protagonismo dos sujeitos construídos no âmbito das Jornadas, reafirmam a contribuição desse evento para o avanço e fortalecimento das lutas dos povos do campo aglutinados na Teia dos Povos. Conclui-se que, a Jornada de Agroecologia constitui-se um movimento que tem se consolidado, a cada edição, como uma intensa e positiva articulação entre os vários sujeitos que dela participam, um oxigênio para as lutas e enfrentamentos no cotidiano dos diferentes povos tendo a Agroecologia como a ferramenta aliada para a construção de uma sociedade sem miséria, escravidão e com respeito a nossa Mãe-Terra.

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Biografia do Autor

Anderson Souza Viana, Universidade do Estado da Bahia, Campus I/ Administração Central

Possui Bacharelado em Ciências Biológicas (2008) e Licenciatura Plena em Biologia (2016), Especialização em Educação a Distância (2014), Especialização em Metodologia do Ensino Superior e Mestrado em Regulação da Indústria de Energia (2014). Foi Professor da Universidade Salvador (UNIFACS) e do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) nas modalidades de ensino presencial e EaD. É Analista em Ciências Biológicas lotado na Coordenação de Educação do Campo da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), além de atuar como professor do Curso de Gestão Ambiental do Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI). Compõe o Grupo de Pesquisa Educação do Campo, Trabalho, Contra-Hegemonia e Emancipação Humana (UNEB). Desenvolve atividades de ensino e pesquisa nas seguintes áreas: Educação do Campo, Agroecologia, Tecnologias da Informação e Comunicação e Educação e Gestão Ambiental.

Luzeni Ferraz de Oliveira Carvalho, Universidade do Estado da Bahia, Campus X

Doutoranda em Educação/Universidade de Brasília(UnB). Graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia - Departamento de Educação- Campus X (1996). Especialista em Planejamento Educacional pela Universidade Salgado Filho - UNIVERSO/RJ (1999). Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da UFMG (2008). Professora Assistente da Universidade do Estado da Bahia - Departamento de Educação - Campus X (desde 2002). Membro do Conselho Científico e Fiscal da Gestão Socioambiental da Fundação Padre José Koopmans (FUNPAJ). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Materialismo Histórico-Dialético e Educação (CONSCIÊNCIA) /UnB. Membro do Grupo de Pesquisa em Educação do Campo, Trabalho, Contra-Hegemonia e Emancipação Humana (UNEB). Membro do Conselho Editorial da Revista Eletrônica NUPEX em Educação (UNEB). Tem experiência na área de Educação, atuando principalmente nas seguintes áreas: Educação do Campo, Movimentos Sociais do Campo, Educação de Jovens e Adultos, Formação de Professores, Planejamento Educacional e Pesquisa e Prática Pedagógica/Estágio Curricular Supervisionado.

Referências

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Acesso em 21 de mai.2017.

Agradecimento: À professora Miriam Cléa Conte de Almeida Caires, da Universidade do Estado da Bahia –UNEB/Campus X, pela tradução para a Língua Inglesa do Resumo deste trabalho.

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Publicado

2017-09-25

Como Citar

Viana, A. S., & Carvalho, L. F. de O. (2017). O protagonismo dos povos do campo: as jornadas de agroecologia da Bahia como espaço de articulação e resistência – uma análise da quinta edição. Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais E Educação, 5(7). Recuperado de https://www.revistas.uneb.br/index.php/opara/article/view/3983