Os Munduruku, os Wai Wai e o português acadêmico

uma conversa sobre dificuldades, superações e ações afirmativas linguísticas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30620/gz.v11n1.p23

Palavras-chave:

Português indígena, Português acadêmico, Ações afirmativas linguísticas na universidade, Graduandos Munduruku e Wai Wai

Resumo

Apresentamos, neste trabalho, os resultados de uma pesquisa sobre os desafios relacionados ao português acadêmico que impactam a permanência de graduandos Munduruku e Wai Wai na Universidade Federal do Oeste do Pará assim como as estratégias que usam/usaram para driblar os problemas a fim de atenderem às práticas de letramento exigidas neste ambiente. Os dados que serviram de base para descrição e reflexão sobre o tema foram obtidos por meio de entrevistas junto a quatro estudantes de cada povo. A análise do conteúdo de suas falas mostra que, além de falantes de suas línguas maternas, têm fluência na língua portuguesa, mas manifestam dificuldades para interagir na variedade português acadêmico. Apesar disso, são resistentes, resilientes e ativos: adotam diversas alternativas para permanecer na universidade e apontam ações que a instituição poderia adotar para melhorar sua interação comunicativa.

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Biografia do Autor

Cassia Beatriz Feleol Silva, Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA

Mestre em Linguística no Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL), da Universidade Federal do Oeste do Pará. Graduada em Letras Inglês/Português pela mesma universidade. Pesquisadora do Grupo de Estudos Linguísticos do Oeste do Pará (GELOPA).

Denize de Souza Carneiro, Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA

Doutoranda em Linguística no Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL), da Universidade de Brasília (UnB). Mestra em Linguística pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professora na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).

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Publicado

2023-11-27

Como Citar

SILVA, C. B. F.; CARNEIRO, D. de S. Os Munduruku, os Wai Wai e o português acadêmico: uma conversa sobre dificuldades, superações e ações afirmativas linguísticas. Grau Zero – Revista de Crítica Cultural, Alagoinhas-BA: Fábrica de Letras - UNEB, v. 11, n. 1, p. 23–48, 2023. DOI: 10.30620/gz.v11n1.p23. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/grauzero/article/view/v11n1p23. Acesso em: 27 abr. 2024.