Pessoa com deficiência: estigma e identidade

Autores

  • Ana Paula Cunha dos Santos Fernandes Universidade do Estado do Pará (UEPA)
  • Fatima Elisabeth Denari Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2017.v26.n50.p77-89

Palavras-chave:

Educação especial, Estigma, Identidade social, Diferença

Resumo

Neste artigo objetiva-se verificar, por meio das mídias audiovisuais, como as pessoas com deficiência são reconhecidas, porque, apesar dos direitos atuais adquiridos, ainda são visualizadas e/ou relatadas experiência negativas que abordam estigma, identidade e autonomia. Com isso, busca-se responder: Após décadas de educação inclusiva no Brasil, ainda existe preconceito ou estigma com a pessoa com deficiência? A metodologia é a netnografia, por ser uma pesquisa realizada em ambientes virtuais. Quanto à coleta dos dados, deu-se por meio da visualização e seleção de vídeos do YouTube que envolvem a temática estigma e identidade social. Para tanto, utilizou-se os descritores mais comuns como deficientes, deficiência visual, deficiência física, deficiência mental, eficiência intelectual, deficiência auditiva, pessoas com necessidades educacionais especiais  mongoloide, débil mental, ceguinho, surdo (piada) e surdinho. Como resultado, destacase a representação em mídia de forma ridicularizada, desrespeitosa, considerando a pessoa com deficiência como irresponsável, desatenta, fora do padrão social, não inteligente, agressiva, frívola, dentre outros.

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Biografia do Autor

Ana Paula Cunha dos Santos Fernandes, Universidade do Estado do Pará (UEPA)

Doutorado em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade do Estado do Pará (UEPA). Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em
Educação Especial na Amazônia da Universidade do Estado do Pará (GEPEEAm/UEPA).

Fatima Elisabeth Denari, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Doutorado em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).Professora do Programa de Pós-Graduação em
Educação Especial na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Pesquisadora no Núcleo de Estudos da Sexualidade
(NUSEX/UNESP)

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Publicado

2017-12-22

Como Citar

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