Contação de Histórias no Tempo-Atenção da Aula

conversações com/entre ancestralidades

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2022.v31.n68.p85-102

Palavras-chave:

Linguagem oral; Formação; Escuta.

Resumo

Este artigo explora qual o lugar da contação de histórias no tempo-atenção da aula em época de hiperaceleração e excessos e de que maneiras a palavra pode ser tomada como força-potência (trans)formadora de mundos e de modos de existência.  Para tal, estabelece aproximação entre práticas ocidentais muito antigas e as tradições africana e ameríndia, desde a perspectiva da oralidade. O texto parte de uma pesquisa arquegenealógica que investigou a aula da Antiguidade aos dias atuais e de outra pesquisa que investiga a relação da palavra, da voz e da escuta nas tradições africanas e indígenas. Como material empírico, toma textos da tradição greco-romana e os textos A queda do Céu, de Kopenawa e Albert, e A tradição viva, de Hampâté Bâ. Como ferramental teórico-metodológico, utiliza-se da análise do discurso foucaultiana. Conclui que a contação de histórias no espaço áulico é uma possibilidade para provocar outras formas de existência e fabricação de novas verdades.

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Biografia do Autor

Maria Alice Gouvêa Campesato, Unisinos

Doutora em Educação (Unisinos). Bolsista Capes-Print, com Estágio Doutoral na Universidade de Lisboa, Portugal (2020). Mestre em Gestão Educacional (Unisinos). Integra o Grupo de Pesquisa Carcarás: Grupo de Estudo e Pesquisa entre Educação Filosófica, Escrita e Leitura. Pesquisadora nas áreas de História e Filosofia da Educação, atuando, principalmente, nos temas: tempo; atenção; formação docente; práticas pedagógicas; escrita e leitura; inovação e processos de subjetivação na Educação.

 

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Arquivos adicionais

Publicado

2022-10-26

Como Citar

CAMPESATO, M. A. G. Contação de Histórias no Tempo-Atenção da Aula: conversações com/entre ancestralidades. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 31, n. 68, p. 85–102, 2022. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2022.v31.n68.p85-102. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/14748. Acesso em: 18 abr. 2024.