A INFLUÊNCIA DA CULTURA AFRO DESCENDENTE NO PROCESSO DE IDENTIDADE EM TAPEROÁ-BA A PARTIR DO SAMBA DE RODA

Autores

  • GISLANE SANTOS CONCEIÇÃO
  • ROSÂNGELA PATRICIA DE SOUSA MOREIRA

Palavras-chave:

Samba de roda, Ancestralidade, Afro descendência

Resumo

O samba de roda é algo muito característico da nossa cultura e trás consigo uma grande ancestralidade, sendo herança de escravizados que foram trazidos da Angola e do Congo, fruto da diáspora no qual foram lhes tirado tudo, deixando apenas resquícios da identidade étnica e cultural. Na pacata cidade de Taperoá, localizada na região do Baixo Sul da Bahia, em algumas comunidades tradicionais quilombolas como Lamego e Graciosa, o samba de roda se faz presente como parte da sua tradição, lazer e cultura dando ênfase ao próprio significado do termo africano samba: “cabriolar, brincar ou se divertir”. Em vista disso esta investigação tem como pauta analisar de que maneira o samba de roda influencia no processo de identidade desses indivíduos e, sobretudo, nos aproxima da nossa ancestralidade, catalogando as histórias que tornaram possível o surgimento da manifestação no local, percebendo a relação de identificação por parte dos indivíduos e entendendo a importância da preservação do samba de roda, a partir de um contato direto com nossa herança cultural. Posto que o samba de roda é característico de comunidades tradicionais, o seu surgimento nesses locais sempre foi acompanhado de casos e prosas que envolvem uma relação de pertencimento, os nossos ancestrais e essencialmente união. Na comunidade do Lamego, o samba de roda é conhecido por todos os moradores, composto em sua maioria por mulheres negras, as quais relatam que o início dessa prática cultural surgiu a partir do trabalho manual nas casas de farinha - uma atividade tradicional comum na cidade de Taperoá, que possui grande importância cultural e econômica naquela sociedade, com um exercício com etapas duradouras, cansativas, porém gratificantes - onde entre as atividades, os trabalhadores entoavam cantigas, ou especificamente músicas para sambar, acompanhadas de batuques e de um gingado único que herdaram dos seus antepassados. Através do que parecia brincadeira, um momento de descontração, era possível se entreter em meio à execução de um serviço, tornar o trabalho mais leve, satisfatório e trazer à tona toda ancestralidade que, aos poucos estão se esvaindo com o passar do tempo. Já na comunidade da Graciosa, o samba de roda muitas vezes ganha destaque em festividades locais, também interligadas com suas raízes, seja por homenagear os orixás (as divindades que representam os elementos da natureza e que são exclusivamente de origem africana, fazendo parte do candomblé), ou, em eventos que se remetem à luta do povo preto e a resistência a partir dos mutirões realizados nas áreas da comunidade. A partir desta perspectiva, como procedimento metodológico, afim de encontrar respostas a nossa inquietação, serão levantadas fontes bibliográficas para melhor elucidação dos fatos históricos culturais, através de discussões que versem sobre a nossa linha de investigação. Outro método está na aplicação de questionários quantitativos e qualitativos, com cunho de coletar, via a oralidade, aspectos das memórias do povo desses lugares, bem como o registro de imagens e vídeos como forma de perpetuamento visual da investigação. Com o início desse trabalho científico percebe-se a importância da realização e permanência do samba de roda como parte da identidade na cidade de Taperoá, como método de inclusão e conhecimento, no seguimento à cultura daqueles que os antecederam, principalmente nas comunidades tradicionais que continuam a manter viva a história e identidade cultural, frente a um mundo moderno, que aos poucos caminha a subjugar o que não é tecnológico.

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Publicado

2019-12-26

Edição

Seção

RÁDIO – História e memória