Desconstrução, colonialidade e ubuntu

Pela porosidade de fronteiras

Autores

Palavras-chave:

Desconstrução, Cultura, Currículo

Resumo

A partir da desconstrução, revisitamos a crítica, tantas vezes já realizada, à hierarquia entre natureza e cultura, tendo em vista que, apesar das críticas, tal hierarquia permanece sendo discursivamente afirmada. Diferentemente, buscamos defender o quanto as fronteiras entre natureza e cultura são borradas e o quanto a não admissão dessa porosidade entre fronteiras traz efeitos excludentes sobre as práticas culturais. Na medida em que a cultura não é estanque nem está limitada a costumes e localização geográfica, sendo um fluxo discursivo plural impossível de ser congelado, sempre différance, relação e constituição mútua de significados, procuramos pensar as implicações dessa visão desconstrutivista de cultura para um debate sobre a violência colonial. Entendemos essa violência como praticada por uma filosofia e uma política que, em muitos momentos, acredita poder definir e subjugar o outro - a cultura do outro -, afirmando-a como primitiva, selvagem e de pouca complexidade. A essa postura de subjugar o outro, contrapomos a filosofia ubuntu. Concluímos apontando possíveis implicações da desconstrução para pensar a herança dessa colonialidade que espectra os sentidos de escola, currículo e qualidade da educação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marinazia Cordeiro Pinto, Universidade Estadual do Rio deJaneiro (ProPEd/UERJ)

Doutoranda em Educação do ProPEd/UERJ, inserida na linha de pesquisa Currículo: sujeitos, conhecimento e cultura. Apoio da CAPES. Bolsista da Faperj. https://orcid.org/0000-0001-6880-6658 

Alice Casimiro Lopes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ)

Professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ), Cientista do Nosso Estado Faperj, bolsista de produtividade nível 1A do CNPq e Procientista Faperj/UERJ. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001, do CNPq e da Faperj. Maiores informações sobre suas pesquisas e produções podem ser obtidas na página www.curriculo-uerj.pro.br. https://orcid.org/0000-0001-9943-9117 

Referências

BROWN, Wendy. Nas ruínas do neoliberalismo: a ascensão da política antidemocrática no ocidente. Tradução: Mario A. Marino; Eduardo Altheman C. Santos. São Paulo: Editora Filosófica Politeia, 2019.

BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. São Paulo: Editora Civilização Brasileira, 2018.

DERRIDA, Jacques. O monolinguismo do outro ou a prótese de origem. Tradução: Fernanda Bernardo. Belo Horizonte: Chão da Feira, 2016.

DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. Trad. Maria Beatriz Marques Nizza da Silva, Pedro Leite Lopes e Pérola de Carvalho. São Paulo: Perspectiva, 2014.

DERRIDA, Jacques. Torres de Babel. Tradução: J. Barreto. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.

DERRIDA, Jacques. Qu’est-ce que la deconstruction?. Le Monde, mardi 12 octobre 2004.

DERRIDA, Jacques. O animal que logo sou. Tradução: Fábio Landa. São Paulo: Editora UNESP, 2002.

DERRIDA, Jacques. Posições. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

DERRIDA, Jacques. Carta a um amigo japonês. Trad. Érica Lima. In: OTONI, P. (org.). Tradução: a prática da diferença. Campinas, SP: Editora da Unicamp/FAPESP, 1998, p. 19-25.

DERRIDA, Jacques. Margens da filosofia. Campinas: Papirus, 1991.

DERRIDA, Jacques. Gramatologia. Trad. Miriam Schnaiderman e Renato Janini Ribeiro. São Paulo: Perspectiva, 1973.

Derrida, Jacques (2007). A Certain Impossible Possibility of Saying the Event. Critical Inquiry, Vol. 33, No. 2, pp. 441-461.

DUQUE-ESTRADA, Paulo César. Derrida e a escritura. In: DUQUE-ESTRADA, Paulo César (organizador). Às margens. A propósito de Derrida. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, São Paulo: Editora Loyola, 2004.

FANON, Franz. Os condenados da terra. Tradução: Elnice Rocha. Juiz de Fora: Editora

UFJF, 2006.

HADDOCK-LOBO, Rafael. A desconstrução em face da branca mitologia: Gramatologia contra o etnocentrismo e a experiência da crueldade colonial. Revista latinoamericana del Colegio Internacional de Filosofia. (Palestra: II Colóquio Internacional do Nuffc 50 Anos de Desconstrução – UFRJ), 2017.

HADDOCK-LOBO, Rafael. Derrida e a oscilação do real. Sapere Aude – Belo Horizonte, v.4 - n.7, p.25-46 – 1º sem. 2013.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomas Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

HALL, Stuart. A centralidade da cultura: Notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. In: THOMPSON, Kenneth(ed.). Media and cultural regulation. London, Thousand Oaks, New Delhi: The Open University; SAGE Publication, 1997. (Cap. 5).

LACLAU, Ernesto. Emancipação e diferença. Rio de Janeiro. EDUERJ. Introdução e revisão técnica por Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo, 2011.

LOPES, Alice Casimiro. A qualidade da escola pública: uma questão de currículo?. In: Marcus Taborda; Luciano Faria Filho; Fabiana Viana; Nelma Fonseca; Rita Lages. (Org.). A qualidade da escola pública. 1ed. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2012, v. 1, p. 15-2

LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Teoria de Currículo. São Paulo: Cortez, 2011.

MACHADO, Adilbênia Freire. Filosofia africana e currículo: aproximações. Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação – RESAFE. Número 18: maio-out/2012, p. 4-27.

MORAES, Marcelo José Derzi. Democracias espectrais: por uma desconstrução da colonialidade. Rio de Janeiro: Editora Nau, 2020.

MORAES, Marcelo José Derzi. Desconstruindo o epistemicídio a partir de Jacques Derrida. Análogos. Edição Especial. Rio de Janeiro, 2017.

MORAES, Marcelo José Derzi. Acontecimento e desconstrução. In: Cadernos da FaEL, v.3, 2010 https://unig.br/wp-content/uploads/ACONTECIMENTO-E-DESCONSTRUCAO.pdf. Acessado em 15/01/2021

MORAES, Marcelo José Derzi. Violências identitárias. Ítaca 19, Edição Especial. Rio de Janeiro, 2012.

NASCIMENTO, Abdias. Quilombismo: um conceito emergente do processo histórico-cultural da população afro-brasileira. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin. (org) Coleção Sankofa, V. 4, 1980 https://afrocentricidade.wordpress.com/category/autoria/colecao-sankofa/ Acesso em 31/05/2021.

RAMOSE, Mogobe B. Sobre a Legitimidade e o Estudo da Filosofia Africana. Revista Ensaios Filosóficos, v. IV, outubro de 2011. http://www.ensaiosfilosoficos.com.br/Artigos/Artigo4/Ensaios_Filosoficos_Volume_IV.pdf Acesso em 10/06/2021.

RAMOSE, Mogobe B. Globalização e ubuntu. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENEZES, Maria Paula. Epistemologias do Sul. Coimbra/Portugal: Edições Almedina SA, 2009.

RODRIGUES, Thamara de Oliveira. Sonho como exercício da diferença: o protagonismo ameríndio no questionamento do fim. In: BORGES-ROSÁRIO, Fabio; MORAES, Marcelo José Derzi; HADDOCK-LOBO, Rafael. (orgs.). Encruzilhadas Filosóficas. Coleção X (Org. Rafael Haddock-Lobo). Rio de Janeiro: Ape’Ku, 2020.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Ensaio sobre a origem das línguas. Tradução: Lourdes Santos Machado. In: Os Pensadores. São Paulo: Editora Abril Cultural, 1973.

SAUSSURRE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2012.

VAIFAS, Ronaldo. A heresia dos índios: catolicismo e rebeldia no Brasil colonial, SP: Companhia das Letras, 1995.

Downloads

Publicado

2021-12-15

Como Citar

PINTO, M. C., & LOPES, A. C. (2021). Desconstrução, colonialidade e ubuntu: Pela porosidade de fronteiras. Abatirá - Revista De Ciências Humanas E Linguagens, 2(4), 182–208. Recuperado de https://www.revistas.uneb.br/index.php/abatira/article/view/13077

Edição

Seção

Dossiê: Os saberes dos povos e a desconstrução