O cientista é um homem branco ocidental

Uma análise de livros didáticos de Biologia

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Resumo

Esse artigo é resultado de uma pesquisa mais ampla em que estamos investigando as mudanças e permanências nos discursos sobre Genética e Evolução antes e depois da promulgação da lei 10.639/2003. Nesse artigo apresentamos uma análise situada historicamente da representação de cientistas em uma obra didática de Biologia. Analisamos coleções de três anos diferentes (1997; 2006 e 2016), que correspondem ao período anterior, contemporâneo e posterior à promulgação da referida lei e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Particularmente, buscamos nos discursos genético e evolutivo, a presença de cientistas e sua representação. O nosso referencial teórico-investigativo está baseado nos Estudos Culturais, destacando-se as noções de representação, identidade e diferença. Examinamos como cientistas são representados nas coleções, levando em consideração o texto e as imagens. Ao analisar os cientistas citados no texto, levamos em conta sua nacionalidade e seu gênero, já nas imagens, examinamos a representação étnico-racial e o gênero. A ênfase de nossa análise recaiu sobre a nacionalidade e a representação étnico-racial, mas sem deixar de levar em consideração a questão de gênero. Nesse processo utilizamos uma metodologia articulando a análise de conteúdo proposta por Bardin (2011), com a análise de discurso sistematizada por Orlandi (2015), empreendendo uma análise discursiva. Tendo como eixo central a ideia de representação desenvolvida por Hall (2016), buscamos compreender quais as filiações históricas da representação do cientista no Ocidente e como essa é construída a partir de regimes de inclusão e exclusão, ou seja, de produção de identidade e diferença. Constatamos que os discursos sobre Genética e Evolução ajudam a construir a noção de um sujeito “universal” da Ciência Moderna, a saber o homem branco ocidental e que essa representação pouco mudou ao longo do tempo. 

Palavras-chave: Representação; Estudos Culturais; Ensino de Biologia; Educação das relações étnico-raciais.

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Biografia do Autor

Florença Freitas Silvério, Programa de Pós-Graduação em Educação / Universidade Federal de São Carlos (PPGE - UFSCar)

Cursa mestrado no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos (PPGE - UFSCar). Possui graduação em Ciências Biológicas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP

Douglas Verrangia, Programa de Pós-Graduação em Educação / Universidade Federal de São Carlos (PPGE - UFSCar)

Doutor em Educação pelo PPGE-UFSCar com estágio doutoral na City University of New York (CUNY) (2009). É consultor da UNESCO na área Relações Etnicorraciais, tendo trabalhado no programa “África-Brasil: caminhos cruzados”, que reeditou, no Brasil, a coleção “História Geral da África”. Realizou pós-doutorado na Universidade de Campinas (Unicamp, 2017), com estágio de pesquisa na Universidade Autônoma de Barcelona.

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Publicado

2021-08-06

Como Citar

Silvério, F. F. ., & Verrangia, D. (2021). O cientista é um homem branco ocidental: Uma análise de livros didáticos de Biologia. Abatirá - Revista De Ciências Humanas E Linguagens, 2(3), 332–360. Recuperado de https://www.revistas.uneb.br/index.php/abatira/article/view/11936

Edição

Seção

Dossiê: O legado de bell hooks