Uma antropologia do crime: Comentários do Marquês de Sade sobre os povos da América

Autores

  • Guilherme Grané Diniz Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.35499/tl.v14i1.7416

Palavras-chave:

Marquês de Sade, Antropologia, Pierre Clastres, Thomas Hobbes, Linguagem

Resumo

O Marquês de Sade tem como preocupação teórica a defesa argumentativa do crime. É comum que seus personagens lancem mão de argumentos diversos na justificativa da moralidade das ações que nossa sociedade considera criminosas. Uma forma recorrente na defesa dessa tese é o recurso à antropologia. Sade observa costumes de outros povos – os americanos inclusive – ressaltando como neles condutas que nós consideramos crimes não o são, e vice-versa. Parece que observar o modo como Sade procede a esse tipo de análise nos esclarece duplamente. Primeiro, poderíamos entender melhor esse tópico relevante de sua obra. Em segundo lugar, isso é ilustrativo de como Sade representa uma forma incomum da recepção das descobertas da época. É corrente o entendimento de que a antropologia – derivada de relatos de viagem focados principalmente no caráter “exótico” dos costumes e leis desses povos – surge em consonância e reforço do projeto colonialista. O pensamento evolucionista que marca a antropologia do tempo dá a entender que os europeus eram superiores aos americanos e outros povos, tendo o direito de dominá-los e colonizá-los. Ora, para Sade, as culturas desses povos mostram uma possibilidade de descentrar o olhar do pensamento europeu para compreender diferentes modos de sociabilidade.

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Publicado

2020-07-15

Como Citar

GRANÉ DINIZ, G. Uma antropologia do crime: Comentários do Marquês de Sade sobre os povos da América. Tabuleiro de Letras, [S. l.], v. 14, n. 1, p. 74–90, 2020. DOI: 10.35499/tl.v14i1.7416. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/tabuleirodeletras/article/view/7416. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS