BAIANAS DE ACARAJÉ: HISTÓRIAS DE LUTA E IMPORTÂNCIA CULTURAL

Autores

  • JÚIA VITÓRIA LUZ DE SANTANA
  • AGATHA CRISTINA G. SANTANA
  • REMULO VELOSO SANTOS

Palavras-chave:

História, Baianas de acarajé, Cultura

Resumo

Passeando pelas ruas de Salvador e muitas outras cidades brasileiras, encontramos mulheres vestidas em meio a todo o charme afro-brasileiro, simpatia e carisma, trazendo em si lindos turbantes e colares de conta. Sentadas em seus tabuleiros, vendendo iguarias das culinárias africana e afro-brasileira, são elas: as baianas de acarajé. Mulheres, em grande maioria negras, com fortes traços religiosos de matrizes africanas, tiveram sua profissão regularizada pelos governos públicos. Elas são figuras típicas do nosso país, e é bem comum que sejam as primeiras pessoas que os turistas possuem contato ao chegar a Salvador, elas apresentam a cultura, a culinária e os pontos turísticos da capital baiana. Esta pesquisa tem como objetivo trazer o conhecimento do contexto histórico e da importância que as baianas de acarajé possuem para a cultura brasileira e principalmente baiana. A metodologia utilizada foi a pesquisa de campo, onde foram realizadas entrevistas as baianas da localidade do Pelourinho e as que se encontram no Memorial das Baianas. No ano de 2012, foram classificadas como Patrimônio Histórico Imaterial da Bahia e foi instituído o registro de Ofício das Baianas de Acarajé no Livro dos Sabores. Assim também o dia 25 de novembro é dedicado a essas profissionais. Inicialmente, devido a característica dos ritos do Candomblé aos quais as baianas se situam com forte identidade nesse meio religioso, as iguarias eram oferendas aos orixás: o acarajé para Iansã e o abará, para Xangô, depois foram utilizadas como modo de conseguir alforria e logo após, as baianas viram estas iguarias como fonte de renda e começaram a comercializá-las. O acarajé composto de feijão fradinho, cebola e sal fritos no azeite e o abará um bolinho de feijão-fradinho moído, cozido em banho-maria e embrulhado em folha de bananeira. Segundo registros da primeira metade do século XX, anos 40 e 30, as famílias ficavam esperando, às sete horas da noite, a mulher do acarajé passar, e era uma espécie de cerimônia (...), porque sua voz era especialmente aguda e alta para anunciar de longe ‘Iê acarajé, iê abará’; aí o povo se preparava, pegava o dinheiro, ia às portas. Esse acarajé e esse abará iam às portas, como se come ainda na Costa d’África. As histórias de vida das baianas de acarajé apresentam muitos pontos em comum. Em geral provenientes de estratos mais baixos das camadas médias da sociedade da Bahia, iniciam-se na atividade por instrução de suas mães e avós, ofício das baianas de acarajé, ou ainda, de outras baianas, pois o ofício atualmente é organizado nos moldes de pequenas empresas domésticas e realiza-se como estratégia de sobrevivência ou de complementação de renda familiar. A pesquisa revelou que a importância das baianas de acarajé estão para além das questões culturais. Elas representam a força da mulher, a luta, a garra e muitas são as principais responsáveis pelo sustento das famílias.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

2019-12-26

Edição

Seção

RÁDIO – História e memória